segunda-feira, 25 de fevereiro de 2008

O Homem Light

Título: O Homem Light. Uma vida sem valores.
Autor: Enrique Rojas
(Gráfica de Coimbra, 1994)

Este livrinho que li já há alguns anos com um sorriso cínico nos lábios tem algumas passagens que parecem não perder actualidade e são um bom pretexto (provocação?) para um debate de ideias. Qualquer dia vou desafiar os alunos do nono ano para uma discussão sobre esta passagem:

«Ao mesmo tempo foi-se produzindo uma enorme quantidade de informação, minuciosa e prolixa, que nos chega daqui e de além; porém essa informação não é formativa, não constrói; não constrói um homem melhor, mais rico interiormente, que aponta para o humanismo e os valores. Antes, ao contrário, vai gerando um indivíduo frio, desconcertado, esmagado por tanta notícia negativa, incapaz de fazer a síntese de tudo o que lhe chega. Entra-se assim, numa forma especial de massificação, gregarismo: todos dizem o mesmo, os slogans e os lugares comuns passam de boca em boca. Alcança-se assim um topo desolador e terrível: a socialização da imaturidade que se vai definindo mediante três ingredientes: desorientação (não saber a que ater-se, andar à deriva) inversão de valores (como uma nova fórmula de vida, com esquemas descomprometidos) e um grande vazio espiritual que não comporta, porém, nem tragédia nem apocalipse.
Com as coisas assim, já quase ninguém crê no futuro. Dissolveu-se a confiança no porvir ante o espectáculo que temos diante de nós. Já quase não há heroísmos, nem entusiasmosem em que se arrisque a vida. Vemo-nos frente a frente com um homem cada vez mais indiferente e permissivo que perdeu da mira o objectivo e os grandes ideais.» (pp. 94-95).

Temos aqui muita pedra para partir; depois daremos notícias...

3 comentários:

Artur Coelho disse...

Só com os de 9º ano? Oooh!...

Qual o valor dos valores na era do acesso instantâneo? Quem somos nós na era do fragmentar da personalidade através da adopção de personas virtuais?
Na constante acelaração, conseguiremos abrandar ou parar para pensar?

José A. Vaz disse...

artur, estás convidado para dinamizar e orientar um debate com base nas questões que levantaste. gostei especialmente da segunda pergunta. começámos por aí. podes trazer alguns do quinto ano. dia e hora a marcar.

Artur Coelho disse...

Estás a falar a sério?